O cultivo de Urucum na região do Vale do Guaporé traz boas perspectivas para o aquecimento da economia local. Impulsionado pela demanda do mercado com a crescente introdução de novos produtos, é cada vez maior o número de produtores rurais que tem buscado assistência técnica para implantação da cultura em sua propriedade.
Para melhor atender a essa demanda, extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RO) reuniram-se em São Francisco do Guaporé para participar de uma capacitação que visa fortalecer o projeto que vai dar novo rumo à produção local. A capacitação contou com a participação e orientação técnica do representante da Verto, empresa responsável pela comercialização de urucum em todo o País, com a proposta de incentivar o aumento da cultura na região de 700 para 1.400 hectares.
O Projeto Urucum nasceu da parceria entre a Emater-RO e a empresa Verto com o objetivo de potencializar a cultura na região do Território do Vale do Guaporé. O primeiro contato entre as duas instituições foi feito durante um dia de campo realizado no distrito de São Domingos do Guaporé, quando o produtor Gilmar Brunaldi abriu as portas de sua chácara para mostrar a viabilidade do cultivo de urucum na região.
A chácara Brunaldi possui uma área plantada de mais de 250 hectares e uma produtividade média de 1.200 quilos/hectares, número esse que levou o distrito a ocupar o segundo lugar como o maior produtor de urucum de Rondônia. O evento realizado pelo escritório local da Emater mostrou aos participantes a viabilidade da cultura em solo rondoniense e que, além de ser uma excelente alternativa de renda e geração de emprego, o urucum ainda pode ser utilizado na recomposição da reserva legal.
Para expandir a ação e incentivar outros produtores na produção da cultura, além da parceria entre a Verto e a Emater-RO, buscou-se junto às prefeituras da região, por meio de suas secretarias municipais de agricultura, políticas públicas que pudessem contribuir com o desenvolvimento do urucum na região. Isso permitiu que o fruto integrasse as potencialidades levantadas no Plano Anual de Trabalho (PAT) e no Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) locais.
A divulgação e capacitação junto aos produtores rurais já estão sendo realizadas pela Emater-RO, que também distribuirá as sementes para plantio. A Verto já disponibilizou 120 quilos de sementes selecionadas da variedade Piave – cultivo de fácil adaptação em climas tropicais chuvosos e solos profundos, de média a alta fertilidade – que serão doados para os produtores da região que conta, hoje, com 700 hectares plantados.
Coube à Emater-RO também prestar assistência técnica e orientação sobre o correto manejo da cultura. Com isso, estima-se que o Vale do Guaporé produza, ainda este ano, cerca de 700 toneladas de urucum.
INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO
Fruto típico da região tropical, nas Américas Central e do Sul, as principais utilizações do urucum são para a produção de colorífico e de corantes, em especial nas indústrias alimentícias (doces, sorvetes, laticínios, massas, pães, bebidas, embutidos, óleos e gorduras). Também é utilizado nas indústrias farmacêuticas, têxteis, de cosméticos, de perfumarias e de tintas, além da extração de lipídeos, geranilgeraniol e tocotrienol para fins farmacêuticos e medicinais.
Como pode-se perceber, a demanda é grande e o mercado está aberto. Por que, então não investir na potencialidade da cultura? Com olhos para a produção rondoniense, a Verto instalou no município de Cabixi, no sul de Rondônia, uma indústria de processamento de urucum.
A indústria foi inaugurada a pouco mais de um ano e será um dos canais de fomento para os produtores de urucum no estado. De acordo com o seu representante, a indústria tem capacidade para processar 3.500 toneladas de urucum por ano, mas em 2015 processou somente 1.300 toneladas, bem abaixo da capacidade instalada.
As perspectivas para 2016 também não são tão animadoras, para este ano a previsão é de apenas mil toneladas, isso porque a produção no estado é baixa. Com a demanda existente e uma agroindústria no estado absorvendo a produção, a geração de emprego e aumento da renda familiar é certa, o que falta é buscar novos caminhos que incentivem o produtor a investir mais em urucum. E é isso que essa parceria entre as instituições públicas governamentais e a iniciativa privada pretende potencializar.
Texto: Wania Ressutti
Fotos: Emater-RO