Produtores rurais do município de Cacoal, em Rondônia, participaram de um levantamento detalhado de custos de produção de café, promovido pelo Projeto Campo Futuro. A iniciativa é conduzida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e o Centro de Inteligência em Gestão e Mercados (CIM) da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O projeto visa mapear os custos de produção de diversas culturas agrícolas nas principais regiões produtoras do Brasil, oferecendo dados valiosos para o aprimoramento da gestão rural.
Sistema de Produção em Cacoal
O levantamento em Cacoal considerou uma propriedade típica com sistema de cultivo irrigado e manejo manual. A produção local é focada na espécie Coffea canephora (conilon), com predominância dos clones 08, 25, R22, 04, 010, 015 e G8.
Os dados mostraram que os produtores da região utilizam financiamento principalmente na compra de insumos, que representam cerca de 20,95% dos desembolsos totais. O restante dos custos é coberto com recursos próprios. A produção de café tipo 7 é predominante, sendo comercializada principalmente por cerealistas e maquinistas locais.
Cenário Econômico
O estudo apontou que o Custo Operacional Efetivo (COE) da produção de café em Cacoal foi de R$ 432,19 por saca. Este valor inclui os desembolsos diretos, como insumos (23,93% do COE), mão de obra (14,65%), irrigação (3,05%) e custos com colheita manual (45,79%). A colheita, realizada 100% de forma manual, é o item mais oneroso, representando 27,71% do COE.
Já o Custo Operacional Total (COT), que soma o COE, as depreciações e o pró-labore do produtor, foi calculado em R$ 611,17 por saca. Por sua vez, o Custo Total (CT), que inclui o custo de oportunidade do uso da terra e a remuneração dos bens de capital, chegou a R$ 711,45 por saca.
Com base na média de preço de venda de R$ 856,00 por saca no mercado físico, os produtores obtiveram margens positivas:
- Margem Bruta: R$ 423,81 por saca (Receita Bruta – COE).
- Margem Líquida: R$ 244,83 por saca (Receita Bruta – COT).
- Lucro Líquido: R$ 144,55 por saca (Receita Bruta – CT).
A análise indicou que são necessárias 55,69 sacas de café por hectare para cobrir o CT, enquanto a produtividade atual da região é suficiente para superar essa marca, garantindo lucratividade.
Comparativo 2022-2024
Entre 2022 e 2024, houve importantes mudanças no perfil produtivo da cafeicultura em Cacoal. A área média produtiva reduziu-se de 5 hectares para 3,5 hectares, mas a produtividade saltou de 50 sacas por hectare para 67 sacas por hectare.
Os custos operacionais também registraram variações significativas. O COE caiu 16,5%, principalmente devido à redução nos gastos com fertilizantes, que diminuíram 69%. Por outro lado, os custos com mão de obra na condução da lavoura e com colheita e pós-colheita aumentaram, refletindo a maior intensidade de trabalho.
Foco na Qualidade e Sustentabilidade
O levantamento reforçou a necessidade de os produtores adotarem boas práticas agrícolas, especialmente no manejo pós-colheita, para agregar valor ao café. Diferenças significativas de preços entre grãos de baixa e alta qualidade destacam a importância de investir em processos que garantam um produto superior.
O sucesso do painel em Cacoal contou com o apoio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (FAPERON) e do Sindicato Rural de Cacoal, além da colaboração de técnicos e produtores locais. A iniciativa oferece uma base sólida para o planejamento estratégico, auxiliando os cafeicultores na tomada de decisões e na melhoria contínua da rentabilidade.
Com iniciativas como o Projeto Campo Futuro, a cafeicultura em Rondônia continua a se consolidar como uma atividade essencial para a economia local, combinando avanços técnicos e sustentabilidade econômica.
Por Jean Carla Costa