A tradição de comer peixe na Sexta-feira Santa está garantida em Santa Cruz do Sul. A Secretaria de Agricultura do município e a Associação Santa-cruzense de Piscicultores (ASPP) confirmaram a comercialização nas feiras rurais do Centro, Senai, Arroio Grande, Oktoberfest, Independência e Linha Santa Cruz. A previsão é de que as vendas ocorram a partir do dia 27 deste mês, tendo em vista as normas sanitárias estabelecidas pelas autoridades.
Na próxima segunda-feira, 15, os preparativos vão se intensificar. Será dada a largada para o abate e processamento da produção na estrutura do Abatedouro de Peixes, que funciona junto à Granja Municipal, em Linha Santa Cruz. A atividade será feita por meio de agendamento com cada piscicultor, a fim de evitar aglomerações.
A previsão, de acordo com o engenheiro agrícola da secretaria, Marco Alves, é de vender dez toneladas de pescado neste ano, por parte de dez produtores envolvidos. “Serão 10 toneladas, talvez um pouco mais ou menos, a produção varia bastante e é confirmada somente quando os açudes são abertos. A maior parte são carpas das espécies capim, húngara e cabeça-grande. Além de uma quantidade de tilápias”, explicou o engenheiro.
Em relação aos preços, Alves alerta para a possibilidade de um reajuste de 15% em comparação com o ano passado. “Os produtores ainda estão fechando os valores, mas não deverão ficar muito aquém dos preços praticados no ano passado, quando a carpa-capim eviscerada custava R$ 17,00 o quilo; R$ 15,00 a húngara, R$ 13,00 a cabeça grande e prateada, e R$ 36,00 o filé de tilápia. Tudo aumentou e os custos para manter a produção também”, ressaltou.
A expectativa para as vendas deste ano é positiva, de acordo com o presidente da ASSP. Silvério Fischer. “Esperamos que seja um pouco melhor. No ano passado estávamos com receio de que o evento fosse cancelado devido à pandemia e levamos uma quantidade menor de produto, cerca de 12 toneladas. No fim, tudo foi comercializado e chegou a faltar peixe, enquanto em algumas propriedades sobrou no açude”, comentou Fischer.
Na sua propriedade em Capela dos Cunha, no interior de Santa Cruz do Sul, ele, que é produtor de tabaco e piscicultor já há dez anos, mantém sete açudes. Em cada tanque foram colocados, em média, 500 alevinos (carpa-capim) adquiridos de um produtor de Linha Arlindo, localidade no interior de Venâncio Aires.
Fischer diz que não chegou a ser afetado pelo período de estiagem. “Ouvi relatos de alguns produtores que enfrentaram problemas significativos no fim do ano passado, porque não tinham vertentes naturais ou tiveram que utilizar a água do açude para a irrigação da lavoura. Por esse motivo, o reservatório ficou muito raso. No entanto, creio que a maioria conseguiu se defender bem da situação e não teve grandes prejuízos”, afirmou.
Padrão de qualidade
Silvério Fischer explica as vantagens de comprar peixes da ASSP, que são processados por produtores legalizados. O abate e o processamento no abatedouro em Linha Santa Cruz seguem normas sanitárias, e os produtos são rotulados. “Temos que seguir todos os padrões de qualidade, desde a retirada deles do açude até o deslocamento no abatedouro. Eles chegam no espaço já mortos e em refrigeração adequada para não estragar. Depois da higienização, é feita a descamação e filetagem. Depois vão para a câmara fria, são armazenados em conformidade com a legislação sanitária e embalados.”
Todo o processo é acompanhado por profissional da área. “Quando um peixe não está de acordo com o padrão ou tem um machucado que ocorreu na hora de retirá-lo do açude, ele é descartado”, explica Fischer. “Somente os peixes que são processados nesse espaço e levam o rótulo podem ser comercializados na feira. Todos são congelados para manter a qualidade, não tem como levar peixes em temperatura ambiente, como alguns clientes às vezes nos pedem”, esclarece.