A pitaya, também conhecida como fruta-dragão, tem se destacado no cenário agrícola tocantinense. A produção é considerada atrativa para pequenos produtores, pois o plantio é de fácil manejo, não requer muito investimento e o retorno é considerado rápido.
Originária do México, esta fruta exótica e de aparência peculiar vem conquistando cada vez mais espaço no Tocantins.
Seu sabor levemente adocicado e alto valor nutritivo atraem consumidores interessados em alimentação saudável, sendo bastante usada no preparo de geleias, sorvetes, iogurtes, compotas, tortas, doces e sucos.
Expansão do mercado e oportunidades locais
O produtor Leonardo Veras encontrou na pitaya uma oportunidade de diversificação de renda. Ele conta que a ideia veio de um amigo, pioneiro no cultivo da fruta na região Sul do país, e que em visita ao Tocantins viu o terreno que ele tinha e sugeriu que ele plantasse a pitaya, e dessa vez não só para ter um pé da fruta em casa, mas para comercializá-la.
“Eu não vou querer que você introduza a pitaya aí na sua área, não para fim de ter mais uma fruta exótica, mas para você comercializá-la. Inicialmente eu achei um pouco estranho e falei será que ela vai ser comercializada? Será que as pessoas vão gostar do produto? Como é que ela vai se adaptar ao solo tocantinense?”, pontuou Leonardo.
Foram muitos questionamentos, mas o investimento tem dado certo! Na última safra, ele produziu 3 toneladas de pitaya, o que requer muita mão de obra e isso tem gerado empregos para os moradores do assentamento Móia, localizado em Luzimangues, distrito de Porto Nacional.
“Eu trabalho aqui já tem seis anos. Trabalho eu, meu filho e minha esposa. eu sobrevivo daqui, já comprei um bocado de coisa por causa dessa empresa aqui, dessa chácara”, conta Francisco.
Potencial e desafios do cultivo da fruta Pitaya
O produtor adquiriu mudas da fruta em diversos estados do nosso País, e tem investido na produção de novas variedades da fruta. Iniciou o negócio com mil mudas, hoje já tem em sua propriedade mais de sete mil mudas, e sete espécies diferentes pitaya.
Leonardo agora não apenas cultiva a pitaya, mas também vende mudas adaptadas ao solo e as altas temperaturas do Tocantins para atender à crescente demanda dos consumidores que agora também desejam ter um pé da fruta em casa.
“A curiosidade é muito grande quando as pessoas veem a pitaya e me perguntam, Leonardo tá dando certo? como eu faço pra adquirir?. Então, interessante que a gente não vende só a pitaya, mas vendemos também a muda. Agora quem quer comprar não precisa mais sair do estado, já pode comprar plantas adaptadas e auto férteis”, afirma o produtor.
O uso de palanques de concreto para o cultivo, que podem durar até 25 anos, é uma das estratégias adotadas por Leonardo com o objetivo de reduzir custos e aumentar a eficiência, com isso ele consegue repassar o produto mais em conta para o consumidor por ter sua despesa com estrutura reduzida.
Se ele tivesse investido em estruturas de madeira para o cultivo da fruta, sua despesa seria maior, pois a durabilidade da madeira é menor quando exposta as altas temperaturas e a irrigação.
Essas estratégias de Leonardo têm dado certo, no entanto, muitos produtores ainda enfrentam desafios relacionados ao manejo adequado da plantação. José Daniel Tavares, analista técnico do Sebrae, recomenda que para quem deseja investir no cultivo da fruta, é importante procurar ajuda especializada para evitar prejuízos.Veja ao fim da reportagem orientações sobre programas, financiamentos e dicas para quem deseja investir no agronegócio.
“Então, quando ele procura uma consultoria especializada, ele vai ter toda essa orientação desde o plantio, orientações sobre produção de mudas, condução da cultura, e aonde que ele deve procurar para comercializar o produto dele. Então, esse conjunto de informações vai fazer com que ele tenha o melhor resultado do plantio dele e não ficar procurando informação, um fala uma coisa, outro fala outra, que às vezes ele não sabe se aquilo realmente tem uma validade técnica, né?”, afirma o técnico.
Futuro promissor
O cultivo da pitaya no Tocantins tem tudo para crescer nos próximos anos, impulsionado pela demanda de frutas frescas e produtos da agroindústria tanto no mercado interno quanto externo.
A preocupação com a saúde e a busca por uma alimentação saudável posicionam a pitaya como uma opção atraente e de destaque de acordo com pesquisas recentes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Leonardo Veras, otimista com os resultados, vê um futuro promissor no cultivo da fruta e faz planos de investir na produção de polpas de pitaya.
“A pessoa chega em casa, ah, não quero fazer uma comida, aí só tira a polpa, a fruta da geladeira, do congelador, bate, já está pronta, um super alimento, sem trabalho e muito nutritivo. Nós temos safras, né? Aqui, por exemplo, no Tocantins, as pessoas gostam muito de pequi. Quando acaba a safra, o que que eles fazem? Congelam. Então é isso que eu quero fazer com a minha fruta nos momentos da entressafra. Deixar realmente um estoque para o decorrer dos tempos que não temos”, planeja Leonardo.
Estímulo ao produtor
O Sebrae/TO desempenha um papel fundamental no apoio aos pequenos produtores rurais do Tocantins, com o objetivo de promover uma cultura de inovação tecnológica e um modelo de gestão diferenciado.
Com o agronegócio sendo um dos principais motores da economia do estado, que representa cerca de um terço do PIB, a instituição oferece soluções para melhorar a produtividade e a eficiência das propriedades rurais.
Através de consultorias, treinamentos e programas como o Sebraetec, o Sebrae/TO capacita os produtores a superar desafios relacionados à gestão, tecnologia e regularização ambiental, impulsionando o crescimento sustentável do setor.
Por Anne Acioli