Utilizar a agricultura como ferramenta de humanização e ressocialização de internos do sistema penitenciário.
Esta ideia está dando certo em Porto Velho. No ano passado foram colhidas alguns milhares de toneladas de abacaxi, maracujá e outras frutas e verduras cultivadas pelos apenados do complexo penitenciário, com orientação técnica da Emater-RO.
O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Justiça (Sejus ) mas conta com parceria de diversos órgãos, cada um colabora com o que tem disponível para facilitar a implantação e a condução das lavouras. O departamento de Estradas de Rodagem (DER) já colaborou cedendo máquinas para preparo da área e a Secretária de Agricultura com doação e transporte de calcário. Outros órgãos também colaboraram, mas é a Emater-RO a instituição que não tem arredado o pé do eito, mantém um técnico em tempo integral orientando os cultivos e capacitando os internos que se dispõe a participar do trabalho.
O presidente da Emater-RO, Luis Gomes Furtado, visitou a Fazenda Futuro como é chamada a área de atividades agropecuária da Sejus. Gomes fez algumas sugestões para os técnicos que prestam assistência técnica ao projeto e se comprometeu pessoalmente, a fazer alguns contatos com empresários para que destinem parte de suas contribuições sociais para ajudar a Fazenda Futuro.
Este ano já foram plantados novos talhões de abacaxi para produção da safra 2015 – 2016, também está em franco desenvolvimento uma área com a cultura da melancia que será colhida ainda este ano. No viveiro milhares de mudas de outras espécies aguardam o transplantio para área de cultivo no campo. Para que o leitor tenha uma ideia dos números, foram semeadas 200 mil sementes de Castanha do Brasil.
As frutas e verduras produzidas na Fazenda Futuro tem como destino principal a alimentação dos próprios apenados mas o excedente deverá ser comercializado, diz o técnico agrícola extensionista da Emater-RO, Josciney Viana de Farias.
A fazenda Futuro não dispõe das condições ideais para a produção de todas as culturas trabalhadas, mas os técnicos e os próprios apenados trabalham usando a criatividade e abnegação. Aqui e ali precisam improvisar adaptando um equipamento ou outro, para facilitar o cultivo ou para a irrigação das plantas.
Cada participante do projeto tem garantido a remissão de pena, conforme prevê a lei de execuções penais, 1 dia de redução da pena para cada 3 dias trabalhados e ainda recebe um salário mínimo por mês, recurso que auxilia o apenado em pequenas despesas pessoais e ajuda sua família fora do sistema, ou para formar uma poupança que o ajudará quando conseguir a liberdade.
O maior legado da Fazenda Futuro certamente não é o beneficio imediato do reedeucando, mas a contribuição para a reintegração social, a humanização e o resgate da auto estima, em suma, a devolução da cidadania.
Fonte: EMATER-RO