Fortalecer a cafeicultura e despertar o interesse para implantação de novas lavouras da cultura na região. Este foi o principal objetivo do I Encontro sobre as perspectivas da cafeicultura, realizado em Ouro Preto do Oeste.
Promovido pelo governo estadual, com articulação da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o evento reuniu cafeicultores de Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Mirante da Serra e Nova União.
A história do café em Ouro Preto do Oeste é cheia de altos e baixos. Implantada paralelamente ao programa Procacau, gerenciado pela Ceplac para implantação da lavoura de cacau na região de Jaru e Ariquemes, a lavoura do café foi se desenvolvendo pelos arredores, junto com a criação do rebanho bovino, mas logo veio a decepção. No início dos anos de 1990, a queda no preço da saca do café fez com que muitos agricultores substituíssem seus cafezais por áreas de pastagem, gerando um impacto muito grande na região.
Em 1997 o preço do café volta a subir, chegando, em 1999, ao valor de R$ 150,00 a saca, trazendo consigo uma nova esperança para os cafeicultores. Com o café em alta, novas lavouras foram implantadas, entretanto, uma nova baixa no preço levou a saca, em 2001, ao valor de R$ 25,00, ou seja, 15{b160333f6ceb1080fb3f5716ac4796e548b167cdf320724da9e478681421f6da} do valor máximo atingido, criando um desestímulo aos produtores que mais uma vez abandonaram a lavoura em busca de novas alternativas.
Chamada pública e os novos incentivos
Uma parceria entre o governo estadual, Seagri, Emater e Prefeitura de Ouro Preto do Oeste tem levado aos produtores rurais da região a necessidade de acreditar na viabilidade do café como uma grande perspectiva de desenvolvimento econômico familiar. A chamada pública do café, política pública do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), somado aos incentivos oferecidos pelo governo estadual, com assistência técnica e linhas de crédito, tem propiciado essa retomada.
Responsável pela execução da chamada pública do café no estado, por meio de contrato firmado com o MDA, a Emater-RO, desde março deste ano, está prestando assistência técnica a 600 famílias de cafeicultores no estado, dessas 60 estão em Ouro Preto do Oeste. Denise Vaz, extensionista da Emater que coordena essa execução na região de Ouro Preto do Oeste, conta que a produção local do café ainda é baixa, uma média de 10 sacas/hectare
Denise diz ainda que o governo, por meio da Seagri e da Emater, vem trabalhando para mudar essa realidade. “Iniciamos os trabalhos em março deste ano com 60 agricultores que juntos somam uma de 166,28 hectares e nossa meta é chegar, neste primeiro ano, a uma produção média entre 50 a 60 sacas”, diz a coordenadora.
Inovação tecnológica
Além da assistência direta aos produtores de café da região, a Emater está intensificando trabalhos em três unidades referenciais. Denominadas Unidade de Inovação Tecnológica (UIT), elas têm por objetivo gerar transferência de tecnologia. “Através dessas unidades os extensionistas executam inovações tecnológicas e as repassa para a comunidade circunvizinha”, complementa a extensionista.
Para o presidente da Emater, Luiz Gomes Furtado, é muito importante que Ouro Preto do Oeste invista nessas inovações tecnológicas e retome a cultura do café como mola propulsora de sua economia. “O café vem crescendo no estado, Cacoal, Buriti, Nova União já estão plantando e nós queremos que Ouro Preto também faça parte desse crescimento”
Os participantes do I Encontro sobre as perspectivas da cafeicultura em Ouro Preto do Oeste tiveram a oportunidade de assistir palestras que abordaram temas como: Programa café sustentável; Resultados da cafeicultura na região e nas propriedades da chamada do café; e Associativismo e cooperativismos na cafeicultura. Ao final todos foram convidados para uma visita à unidade de pesquisa da Embrapa local.
O resgate da cafeicultura em Rondônia
A história do café em Rondônia está ligada aos altos e baixos de sua produção, em especial do café conilon. Se na década de 80/90 o café era um dos carros-chefe da economia local, com uma produção de mais de quatro milhões de sacas de 60 quilos por safra, adentrou o século XXI em ritmo de decadência, chegando à safra de 2012/2013 colhendo pouco mais de um milhão de sacas.
Diante desses números o governo estadual viu-se obrigado a lançar um desafio: convencer os agricultores não só a voltar a produzir café, mas da necessidade de adoção de novas tecnologias. Além do incentivo governamental, que por meio da Seagri e Emater levou fomento e assistência técnica aos cafezais, o resgate da cultura cafeeira em Rondônia deu-se com a parceria da Embrapa. O lançamento, em 2010, de uma nova variedade de café mais adaptada para Rondônia – a Conilon BRS Ouro Preto, trouxe nova perspectiva para a cultura.
A Conilon BRS Ouro Preto foi pesquisada no campo experimental de Ouro Preto do Oeste. Segundo Salatiel Correia Carneiro, assessor da Embrapa, essa nova cultivar clonal, composta de 15 clones com ciclo de maturação intermediária, é tolerante às principais condições climáticas de Rondônia: alta temperatura, elevada umidade do ar e déficit hídrico moderado. “Com manejo adequado, apresenta potencial de produtividades de 70 sacas beneficiadas por hectare em lavouras de sequeiro”, explica, salientando que hoje já existem seis viveiristas credenciados para fornecer mudas do café clonal, e outros oitos estão em fase de contratação.
Essas mudas já estão sendo oferecidas aos cafeicultores de Rondônia e têm apresentado resultados importantes para o fortalecimento da cultura no estado. A Conilon BRS Ouro Preto apresenta produtividade de 70 sacas/hectare sem irrigação e acima de 110 com irrigação, um verdadeiro salto da produtividade local.
Outra inovação no resgate do café rondoniense está na adesão ao Programa Café Sustentável. Esse programa vem de uma iniciativa mundial com o objetivo de aumentar o uso de práticas sustentáveis na produção e melhorar o nível de vida dos cafeicultores. Com a adesão, surgiu o Currículo da Sustentabilidade do Café (CSC), um documento norteador das ações com vistas à melhoria da sustentabilidade da cafeicultura tendo por base o tripé: social, ambiental e econômico.
Recentemente foi assinada uma Carta de Cooperação dos Serviços de Extensão do Brasil com o Programa Café Sustentável do IDH. Mais que uma simples assinatura, a Carta de Cooperação formaliza uma parceria, cujo objetivo é intensificar os projetos voltados à promoção da sustentabilidade trabalhados com os pequenos e médios produtores de café, garantindo ao estado de Rondônia nortear ações para melhoria da sustentabilidade da cafeicultura.
Texto : Wania Ressutti
Jornalista – SRTE/DRT/RO-959
EMATER-RO