Na metade do outono, algumas regiões do Estado de São Paulo já começaram a registrar temperaturas abaixo de 20ºC. A temperatura ambiente é um importante parâmetro de escolha do local para a implementação de um empreendimento de Aquicultura. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Pesca, explica quais são os cuidados necessários que o aquicultor precisa ter com os peixes em cultivo.
As espécies de organismos aquáticos mais utilizadas na Aquicultura paulista são a tilápia e o pacu. Elas são originárias de regiões com clima tropical, onde a temperatura da água ideal para sobrevivência e crescimento se situa entre 25ºC e 28ºC. Mas o que acontece com os peixes quando a temperatura da água fica fora da faixa ideal? Temperaturas extremas, tanto baixas como altas, podem fazer os peixes adoecerem e até mesmo morrer.
Como a temperatura influi na saúde do peixe?
Embora existam exceções, peixes são animais cuja temperatura corpórea é igual à temperatura da água em que se encontram, seja em ambiente livre ou em cativeiro. A grande maioria dos peixes regula o seu metabolismo de acordo com a temperatura da água em que se encontram, que pode ser acelerado, no caso de a temperatura se elevar, ou diminuído, no caso da temperatura baixar. Nessa época em que as temperaturas do ambiente começam a diminuir, a temperatura da água também baixa para níveis considerados desconfortáveis para os peixes.
A maior consequência que o frio proporciona é a diminuição do metabolismo, o que faz o peixe reduzir sua necessidade de se locomover e de se alimentar, pois seus processos metabólicos – como respiração, digestão e excreção – diminuem. Isso faz com que os peixes tenham menos fome e se alimentem com menor frequência, ou até mesmo parem de se alimentar. Nos ambientes de piscicultura, esse jejum acaba sendo prejudicial aos criadores, pois torna o crescimento dos peixes muito lento ou nulo.
Um problema maior que pode ocorrer devido à baixa temperatura é quando os peixes estão com alguma predisposição a doenças. Isso mesmo, em tempos de pandemia
de Covid-19, por exemplo, muito se fala sobre pessoas em grupos de risco. Isso existe também entre os animais, e os peixes não ficam fora dessa analogia.
O que fazer para evitar que os peixes fiquem doentes devido ao frio?
Uma doença, ou qualquer enfermidade que acometa peixes, geralmente está associada a vários fatores. O estresse faz com que várias coisas ruins sejam desencadeadas, fazendo com que os peixes entrem no “grupo de risco”. Similarmente, quando não há estresse, ou quando o peixe ou grupo de peixes não está no “grupo de risco”, as chances dos animais ficarem doentes são bastante reduzidas.
Em uma situação em que os peixes estejam sendo criados em um ambiente ideal (água de boa qualidade, com boa oxigenação, com pH adequado, alimentação balanceada e em densidade adequada), a água poderá esfriar abaixo do ideal, e mesmo assim os animais conseguirão permanecer saudáveis, mesmo durante essa época de jejum, pois estão com o sistema imunológico funcionando perfeitamente. Já no caso de peixes no grupo de risco, esses tendem a ser os primeiros acometidos por alguma enfermidade, pois não estavam fisiologicamente preparados para esse desafio.
O pesquisador científico Eduardo Makoto Onaka, do Centro Avançado de Pesquisa do Pescado Continental (IP-APTA), esclarece que “essa situação será verdadeira se o período de frio não for muito longo, e muito menos ocorrer um declínio da temperatura muito além da capacidade de sobrevivência da espécie. Em invernos rigorosos, ou quando ocorrem massas de ar polares muito intensas, é inevitável que algum tipo de enfermidade decorrente do frio ocorra nos peixes tropicais”. Nesse caso, a sobrevivência dependerá de peculiaridades de cada piscicultura, como localização, histórico anterior de enfermidades, arquitetura da construção dos viveiros, entre outros. O Instituto de Pesca orienta que em caso de mortalidade se deve procurar sempre o técnico responsável.