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Amazônia tem queda de 40,5% no desmatamento em 2024 após período de sucessivos crescimentos

Dados do Deter relativos ao cinco primeiros meses do ano também apontam redução na devastação do cerrado; Coalizão Brasil alerta que biomas ainda requerem atenção

Após um longo período do crescimento da devastação, o Cerrado apresentou uma queda no desmatamento de 12,9% entre os meses de janeiro a maio de 2024 ante o mesmo período no ano passado, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No mesmo período, a Amazônia apresentou redução de 40,5%.

Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura defende que, mesmo em queda, o desmatamento em ambos os biomas resulta não só na perda de biodiversidade, mas também tem um impacto significativo no clima global.

“Os dados recentes sobre o desmatamento na Amazônia e Cerrado nos mostram que estamos em uma correta trajetória de redução da perda de cobertura florestal. A notícia é boa, mas indica também o longo caminho a ser percorrido até que efetivamente o desmatamento acabe”, ressalta André Guimarães, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil e diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Para combater de forma eficaz o desmatamento é essencial adotar uma abordagem holística que envolva políticas de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável, fortalecimento da aplicação da lei e engajamento da sociedade civil. Isso inclui medidas como a implementação e o fortalecimento de áreas protegidas, o incentivo a práticas agrícolas sustentáveis, o reforço da fiscalização e o apoio às comunidades locais que dependem desses biomas para sua subsistência.

Para combater de forma eficaz o desmatamento é essencial adotar uma abordagem holística que envolva políticas de conservação ambiental

Guimarães explica que o combate do desmatamento no Cerrado é diferente da Amazônia. “Enquanto mais de 60% do território do bioma Amazônia é formado por terras públicas, no Cerrado mais de 80% é composto por fazendas e terras sob gestão privada. Ações de comando e controle tendem a ter mais resultados na Amazônia, onde a grilagem e outras ilegalidades predominam. No caso do Cerrado, o desafio, além de punir irregularidades, é criar incentivos para convencer proprietários que tenham ainda o direito de desmatamento que abra mão disso”.

A implementação do Código Florestal, que passa pela validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), é outra peça central no combate ao desmatamento. Guimarães reforça que é preciso saber quem ainda tem florestas que possam ser desmatadas legalmente, conhecer os limites das propriedades e áreas públicas, além de entender o padrão de uso da terra pelos proprietários. “Esses são alguns dos atributos que um Código Florestal implementado nos trará. Outro ponto importante é que, com isso, os bancos não financiem pessoas e empresas em desacordo com a lei. Para que o Estado cumpra seu papel de fiscalizador, o Código Florestal implementado com o CAR validado é fundamental. Sem transparência não conseguiremos combater o desmatamento”.

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento composto por mais de 390 organizações, entre entidades do agronegócio, empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia. 

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