Cíntia faz parte dos milhares de apreciadores de açaí espalhados pelo Brasil, América do Norte, Europa e Ásia. A produção brasileira de extrativismo e de cultivo dessa fruta exótica está concentrada na região Amazônica. O principal produtor é o Pará, mas o Amazonas, Maranhão, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima também colhem a fruta. A cadeia produtiva é formada, em sua maioria, por pequenos e pequenas agricultores ribeirinhos.
Atenta ao mercado promissor do fruto, a empresária Ana Paula de Jesus Batista abriu uma casa de açaí, em 2002, em Brasília. O estabelecimento, localizado em uma quadra residencial de Taguatinga Norte, funciona durante toda a semana e garante a renda familiar. No cardápio, há vários acompanhamentos para servir com a polpa da fruta, como vinho, tapioca e o crepe. As porções da polpa são servidas geladas em tigelas de 300 ml a 1 litro.
“Vimos no açaí uma oportunidade. Sobrevivemos desse mercado há quatro anos. Aqui, prezamos pelo sabor original do fruto que compramos diretamente de fornecedores do Pará. Os outros ingredientes são servidos separados”, conta Ana Paula.
Emprego e renda
Na Amazônia, a polpa roxa do açaí é mais consumida com farinha de mandioca, peixe assado ou camarão. Em outras regiões, costuma ser servida gelada em tigelas, misturada a outros ingredientes, como banana, granola e xarope de guaraná. Do seu caldo também são feitos sorvete, creme e geleia, entre outras receitas.
O fruto pequeno e redondo é colhido em palmeiras, conhecidas como açaizeiros, que podem chegar a 30 metros de altura. A espécie é nativa de regiões que alagam diariamente, por causa das marés ou da proximidade de rios e igarapés. Com o aumento do consumo, suas raízes passaram a ser manejadas, na década de 1990, e hoje a planta é cultivada em áreas não alagadas.
Só no território paraense, a cultura do açaí empega, direta e indiretamente, cerca de 250 mil pessoas, segundo o gerente de Fruticultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap), Geraldo Tavares. A fruta ocupa áreas onde também há buritis e a andirobas.
A colheita da fruta pode render até dois salários mínimos aos ribeirinhos, informa a diretora de Política Agrícola e Informação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Elizabeth Turini. As famílias se dedicam à extração da fruta no período da safra, que vai de setembro a janeiro, no Parái Na época da entressafra, elas completam a renda com outras atividades, como apicultura e pesca.
Em 2015, só o Pará colheu mais de 1 milhão de toneladas de açaí em uma área extrativista e cultivada de 154.486 hectares. A venda dos frutos injetou cerca de R$ 1,8 bilhão na economia em um ano. Geraldo Tavares estima que pelo menos 300 mil toneladas sejam consumidas por ano na região metropolitana de Belém.
Os paraenses consomem duas vezes mais açaí do que leite, ressalta o presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes. O alto consumo na região se deve ao seu valor nutricional, observa Elizabeth Turini. “A fruta é recomendada na alimentação de crianças, idosos e esportistas.”
A diretora Política Agrícola e Informação da Conab destaca ainda que o açaí contém ferro, fósforo, potássio, cálcio, gordura vegetal e fibras. A ingestão da fruta, completa o presidente do Ibraf, auxilia na redução do colesterol e da pressão sanguínea, no combate à anemia e no fortalecimento do sistema imunológico, nervoso, muscular e cardiovascular.
Consumo e exportação
Com a ampla divulgação de seus benefícios para a saúde, a procura pelo suco do açaí tem crescido acima da oferta. A cada ano, aumenta 15{b160333f6ceb1080fb3f5716ac4796e548b167cdf320724da9e478681421f6da}, contra 5{b160333f6ceb1080fb3f5716ac4796e548b167cdf320724da9e478681421f6da} do incremento da produção, comenta João Tomé de Farias Neto, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. “Hoje, a Embrapa oferece tecnologias que permitem ampliar a produção com o mínimo de prejuízo ao meio ambiente.”
Para atender a demanda, a Sedap criou o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará (Pró Açaí). O órgão do governo paraense espera que a área cultivada da fruta seja ampliada em 50 mil hectares até 2020.
Não é só a polpa de açaí que garante renda aos ribeirinhos no baixo Rio Tocantins. O palmito, que fica na parte mais alta do açaizeiro, é retirado ao fim da safra e vendido às empresas locais. O produto não é muito consumido no estado, mas é revendido a regiões como Belo Horizonte, São Paulo e Vitória. Também é possível extrair o óleo do açaí, e os caroços podem ser utilizados para a produção de fitoterápicos, ração animal e adubo orgânico.
Além do mercado interno, a fruta também é consumida em outros países. Em 2015, o Pará exportou mais de 6 mil toneladas do mix de açaí (mistura da fruta com banana e guaraná) para os Estados Unidos e Japão, o equivalente a US$ 22,6 milhões.
Os mercados norte-americano e japonês são o destino de 90{b160333f6ceb1080fb3f5716ac4796e548b167cdf320724da9e478681421f6da} das exportações de açaí. Os outros 10{b160333f6ceb1080fb3f5716ac4796e548b167cdf320724da9e478681421f6da} são comprados pela Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Angola, Austrália, Canadá, Chile, China, Cingapura, Emirados Árabes, França, Israel, Nova Zelândia, Peru, Porto Rico, Portugal e Taiwan.
Assessoria de comunicação social
Ana Carolina Oliveira
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