O Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Rondônia, iniciou uma campanha inédita de ampliação da testagem e diagnóstico de hepatite D na região Norte do país.
A região Norte do Brasil concentra mais de 70% dos casos da doença no país, com destaque para os Estados do Amazonas e Acre.
A iniciativa visa conter a explosão de casos na região, realizando um grande número de testes para identificar e tratar a hepatite D, uma doença perigosa que ocorre a partir da infecção pela hepatite B, aumentando os riscos de morte, cirrose e câncer de fígado.
Muitas vezes, a doença não apresenta sintomas, o que torna a testagem e o diagnóstico ainda mais importantes.
A campanha na região Norte é a primeira fase de um plano que pretende expandir os diagnósticos para todo o país, permitindo uma melhor compreensão da situação no Brasil.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2022, foram registrados 10.095 casos de hepatite B e 128 de hepatite D no Brasil. Em 2023, houve uma redução, com 10 mil casos de hepatite B e 109 de hepatite D.
O Governo Federal também lançou uma nova campanha digital de conscientização sobre a doença.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a infecção crônica do vírus B, que é responsável por 47% dos óbitos relacionados às hepatites virais, atingiu cerca de 296 milhões de pessoas em 2022 em todo o mundo.
Ainda em parceria com a Fiocruz, o Ministério da Saúde garantiu importante medida de acesso a medicamentos para tratamento da hepatite C, com a primeira aquisição e distribuição de sofosbuvir e daclatasvir para estados e municípios. Foram 800 mil unidades farmacêuticas entregues.
Com essa nova opção terapêutica de tratamento, além de possibilitar um alto percentual de cura, foi possível proporcionar uma economia em torno de R$ 43 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS), aproximadamente 33% mais barato quando comparado com o esquema anteriormente disponível.
Cenário de hepatites Virais
Os dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2024 apontam que, de 2000 a 2023, foram notificados mais de 785 mil casos no Brasil, sendo 40,6% do tipo C, 36,8% do tipo B, 21,8% do tipo A e 0,6 de hepatite D.
Somente em 2023, foram mais de 28 mil novos casos, sendo 7,3% de hepatite A, 35,4% de hepatite B e 56,7% de hepatite C.
Do total de casos de hepatite D, ao longo da série histórica, observou-se que 62,8% estavam entre pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, seguidos de 17,3% de brancas, 6,6% de indígenas e 1,3% de amarelas.
Investimentos
As hepatites virais atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas.
Entretanto, quando presentes, elas podem se manifestar com cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
O SUS disponibiliza testes rápidos e de confirmação para as hepatites B e C, bem como os respectivos tratamentos. De janeiro de 2023 a junho deste ano, o Ministério da Saúde investiu cerca de R$ 382 milhões em testes rápidos e medicamentos para hepatites virais.
Informações
A partir de agora, o Ministério da Saúde também vai disponibilizar dois painéis de informação para acompanhamento dos dados da doença: o Painel de Indicadores e Dados Básicos da Hepatite nos Municípios Brasileiros e o Painel de Monitoramento das Hepatites B e C.
Os dados disponibilizados foram retirados do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos de Hepatites a partir de janeiro de 2023.
Os indicadores descritos consideram as pessoas que receberam dispensação de medicamentos para o tratamento das hepatites B ou C e foram estratificados segundo região geográfica, sexo, raça-cor-etnia, escolaridade, situação de privação de liberdade ou situação de rua.
Por Sérgio Pastor