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Brasil é o país com maior potencial para descoberta de espécies no mundo

Calcula-se que o planeta Terra é povoado por algo em torno de 10 milhões de espécies, mas dessas a ciência conhece formalmente apenas 1,5 milhão, menos de um quinto desse total. Quem são e onde estão esses milhares de desconhecidos com quem dividimos o mundo? Movido por essa curiosidade, o biólogo brasileiro Mario Moura, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), liderou uma pesquisa com o objetivo de mapear as áreas potenciais que abrigam espécies ainda desconhecidas de vertebrados terrestres. Moura contou com o apoio do americano Walter Jetz, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Yale. Juntos, eles desenvolveram um modelo que calcula a probabilidade de descobertas pelo mundo e que revelou que 60% das espécies ainda desconhecidas estão em florestas tropicais como a Mata Atlântica e a Amazônia.

Segundo os resultados obtidos pela dupla de pesquisadores, apenas 10 regiões do planeta concentram 70% de toda a biodiversidade desconhecida e os países com maior potencial de espécies não descritas são Brasil, Indonésia, Madagascar e Colômbia. Apenas estes quatro países somam 25% de todas as futuras descobertas, sendo o Brasil sozinho responsável por cerca de 10% delas.

A análise realizada pelo estudo contemplou cerca de 32 mil espécies de vertebrados terrestres – anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Para construir o modelo, os pesquisadores levaram em conta que diferentes espécies possuem diferentes chances de serem descobertas e algumas características podem facilitar ou dificultar isso, portanto compilaram ao longo de mais de dois anos informações sobre biologia, tamanho, geografia, condições climáticas e até a quantidade de especialistas que estudam cada espécie. A soma desses dados permitiu mapear as regiões do mundo e antecipar quem são e onde estão essas espécies desconhecidas.

“Quando as futuras descobertas são analisadas por tipo de animal, temos que 48% das novas descobertas serão de répteis (lagartixas, serpentes, lagartos), 30% de anfíbios (principalmente sapo, perereca, e rãs que ocorrem no chão de florestas), 15% de mamíferos (principalmente roedores e morcegos), e 6% de aves (principalmente corujas)”, destaca Mario Moura em entrevista à Agência Bori.

O biólogo reforça ainda que o estudo poderá orientar novas pesquisas em taxonomia e acelerar a descoberta de espécies.“Espécies sem uma descrição formal não podem ser avaliadas e categorizadas com relação ao seu nível de ameaça. Para conservar, é preciso conhecer”, acrescenta.

Os resultados completos da pesquisa foram publicados em artigo na revista científica Nature Ecology and Evolution nesta segunda-feira (22), com o título Shortfalls and opportunities in terrestrial vertebrate species discovery (em português, dificuldades e oportunidades na descoberta de espécies de vertebrados terrestres).

A pesquisa faz parte do projeto Map of Life (Mapa da vida), que tem como objetivo mapear a distribuição de todos os seres vivos do planeta e também foi desenvolvido um mapa interativo online com os resultados do estudo, que pode ser explorado neste link. A pesquisa foi financiada pela National Science Foundation, NASA, National Geographic e E. O. Wilson Biodiversity Foundation.

Fonte: O Eco

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