O uso das tecnologias digitais como ferramenta de apoio na produção agrícola vem registrando crescimento no agronegócio – e o produtor brasileiro já sabe disso. Também chamada de agricultura digital, a Agricultura 4.0 é baseada em dados e informações precisas. Entre as possibilidades, o sensoriamento faz a diferença no manejo – e traz ótimos resultados aos cultivos.
O agricultor Rafael Luiz Flach utiliza, desde 2019, um sistema de sensoriamento remoto nas estufas em que cultiva rúcula, radiche, espinafre e seis variedades de alface em São José do Hortêncio (RS), a 80 quilômetros de Porto Alegre. O agricultor familiar conta com a tecnologia acessível da plataforma do Caderno de Campo Digital – Demetra, que reúne os dados fornecidos pelos sensores e o registros das atividades do dia a dia. Informações determinantes para que a irrigação, por gotejamento, ocorra no tempo certo e na quantidade exata. Tudo acessado de forma simples, na palma da pão, por um smartphone.
“Eu já tinha interesse por esse tipo de novidade e conheci a Elysios quando visitei uma feira de exposições. Mudou pra melhor o nosso trabalho, porque agora a gente tem uma ferramenta a mais para ajudar. Eu uso o Caderno de Campo desde o plantio, preencho ali o quanto foi plantado, as aplicações, a gente deixa tudo registrado”, conta Flach. Ele exemplifica: “No aplicativo já aparece a opção do sensor, eles funcionam interligados. Eu logo fico sabendo se a umidade está muito baixa, a temperatura alta demais ou se precisa ativar a irrigação. Dá mais segurança para tomar as decisões. Isso é muito importante também porque, agora, eu tenho rastreabilidade da minha produção”. A confiança se reflete em resultados: “A produtividade vem aumentando gradativamente, no mês de novembro estávamos nos aproximando de 10 mil dúzias/mês de folhosas, agora já ultrapassamos”, comemora o a agricultor.
O manejo, baseado em dados, leva em conta os microclimas dentro da propriedade. Para garantir leituras exatas, os sensores são posicionados em locais estratégicos das lavouras. Devido ao desnível do terreno da família Flach, metade dos sensores que medem umidade do ar e do solo, temperatura do ar e do solo e radiação solar, foram instalados em uma área mais elevada e, os outros, na região mais baixa. “Entendemos que a tecnologia precisa ser de fácil uso, acessível e robusta. O sistema de comunicação integrada em rede, sem fio, também nos fornece dados precisos de nutrientes do solo, pluviometria e molhamento foliar, auxiliando produtor e técnico a analisarem o cultivo para melhor tomada de decisões”, explica Luiz Fernando Rauber Albé, líder de Agrotecnologia da Elysios Agricultura Inteligente, que desenvolve essas soluções.
Com sede em Porto Alegre e há cinco anos no mercado, a startup – ou agtech, como são chamadas as startups com atuação voltada ao agronegócio – oferece ferramentas de inteligência agrícola, tornando a tecnologia acessível para agricultores familiares. O trabalho começa com uma análise detalhada do ambiente, em que são levados em conta, inclusive, o tipo de solo, a profundidade e a área de raízes das plantas. “Por considerar os diferentes microclimas existentes, o sistema de sensoriamento e automação é eficiente tanto em cultivos protegidos, como estufas, quanto em pomares e lavouras em campo aberto. E pode ser integrado a equipamentos de irrigação, fertilização, controle de temperatura, umidade e radiação, entre outros. Proporcionamos a possibilidade de controlar tudo, através de um aplicativo, que foi desenvolvido a partir da realidade dos produtores e suas necessidades práticas”, acrescenta Fernando.
Inovações, como o sensoriamento, afetam direta e indiretamente a vida do produtor. Nos cultivos, as melhorias passam pela economia de água, menor necessidade de insumos e previsão mais precisa da produção. “Com o controle do ambiente, as plantas se manterão mais saudáveis e resistentes, prevenidas de doenças e pragas. Havendo maior qualidade, aumenta também a produtividade. Os sensores são uma ferramenta tecnológica necessária para atingir melhores safras”, afirma.
Rafael Flach também confirmou esses benefícios na prática, no auge do verão, quando são maiores as diferenças de temperatura e umidade nas áreas da propriedade. “Em janeiro tivemos 48 graus na estufa de cima. Isso quer dizer que as plantas precisam de tratamento diferente, mais quantidade de água, então dá um descanso saber que eu tenho esse acompanhamento”, finaliza.