Embora Rondônia projete a conservação de rodovias federais, abra novas rodovias estaduais e sonhe com a ferrovia intercontinental Brasil-Peru, é ao longo das águas da Amazônia Ocidental Brasileira que trabalhadores quase invisíveis chamam para si os olhos da sociedade amazônica ocidental.
O barco Deus é Amor, conhecido por “barco da Seas”, viajará no dia 24 de abril pelos rios Madeira e Machado, até o distrito de Demarcação. Desta vez, transportará funcionárias da secretaria no âmbito da Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional (Cosan).
“Esse transporte é de suma importância”, disse a coordenadora da Cosan, Cleusa Firmino. “É o barco contratado pelo governo estadual que transporta a safra da agricultura familiar dos ribeirinhos e ajuda a movimentar a economia deles”.
“Trouxemos 400 sacos de farinha de mandioca na mais recente viagem”, contou o fiscal Osman Ferreira Silva.
O objetivo da Cosan nessa viagem é garantir a segurança alimentar, o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. “Traduzindo, isso é saúde e respeito à diversidade cultural, ambiental, econômica e socialmente sustentáveis, em respeito à Lei Orgânica de Segurança Alimentar nº 2.221/09”, observou Cleusa.
Por mês, esse barco faz duas viagens às regiões do Baixo e Médio Madeira, supervisionadas pela Secretaria Estadual do Desenvolvimento Social. Outra embarcação percorre a região do Guaporé, com idas e vindas a Guajará-Mirim e distritos, com a mesma finalidade.
Ambas são habitadas principalmente por migrantes nordestinos atraídos para a Amazônia entre a segunda metade do século 19 e as primeiras décadas do século 20 para trabalhar na extração do látex das seringueiras.
A partir de 25 de abril, o barco atenderá aos moradores de quatro distritos municipais de Porto Velho e a Gleba e Linha Rio Preto no Baixo Rio Madeira, nas proximidades de três unidades federais de conservação ambiental.
Coincidentemente, as viagens são mais frequentes após a saída do Brasil do Mapa Mundial da Fome, da Organização das Nações Unidas que, conforme lembrou Cleusa, “foi uma conquista histórica advinda diretamente dos esforços do governo e da sociedade civil para a promoção do Direito Humano à Alimentação Adequada”.
Segundo ela, políticas nesse sentido foram contempladas no 1º Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
QUEM SÃO
A função social do barco já permitiu à Seas iniciar um estudo sociológico da população atendida. No mapa da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, Rondônia é semelhante ao Acre, Amazonas e Roraima: o governo estadual deve voltar-se para fortalecer o atendimento a extrativistas, seringueiros e ribeirinhos.
Segundo Osman Silva, o barco também transporta abóboras, melancia, milho, laranja, limão, cupuaçu, jacas, outros produtos e até partes de mudanças, entre elas, móveis e eletroeletrônicos. Uma viagem para essas regiões custa R$ 50, se o usuário optar por embarcações particulares. “Daí, eles aproveitarem essas oportunidades para garantir o direito de vender seus produtos na cidade”, comentou Silva.
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Ésio Mendes
Secom – Governo de Rondônia