O Dia Internacional da Mulher, será apenas mais um na rotina de trabalho inalterada de dona Maria Augusta Santos Oliveira, no Sítio Nossa Senhora de Fátima, em Candeias do Jamari. “Já falei para o governador Confúcio que eu vou para o Rondônia Rural Show, em maio, lá em Ji-Paraná”, ela disse.
Maria Augusta se levanta ainda de madrugada para preparar a massa, sovar, assar pães, ou caprichar em doces, farinhas e óleos que abastecem a zona rural.
“Já estamos dentro da lei”, ela conta com largo sorriso exibindo os produtos rotulados. O estabelecimento se chama Sabor do Sítio.
Dali saem também o tradicional croquete, pão e bolo de macaxeira. A fécula de mandioca (polvilho) é recomendado para pessoas portadoras de celíase [doença que se caracteriza pela intolerância ao glúten presente em trigo, centeio e aveia].
Novidade: biscoitos de tucumã, pão de pupunha, de beterraba e de babaçu já são vendidos em mercados e mercadinhos de Candeias e de Porto Velho. “A meninada adora o pãozinho colorido”, diz Maria Augusta, referindo-se ao de beterraba.
Único nesse município, misto de panificadora e fábrica artesanal de doces [de abóbora, goiaba e mamão] geleias [de açaí e acerola, babaçu, buriti] e óleos, Sabor do Sítio fica no Lote 107 do Projeto de Assentamento Paraíso das Acácias, a 17 quilômetros do centro de Candeias.
O casal fornece produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Maria Augusta e João já apresentaram seus produtos em eventos da agricultura familiar duas vezes no Rio de Janeiro, uma vez em Rio Branco (AC) e uma em Brasília, durante a Feira Nacional da Agricultura Familiar.
Doces de goiaba, mamão e geleias estão hoje presentes em eventos agropecuários de Ji-Paraná e Porto Velho. Segundo Maria Augusta, para o Rio de Janeiro foram embarcados 300 quilos de doces.
PRIMEIROS FREGUESES
Pouco antes das 7h, Maria Augusta, amazonense de Lábrea, e o marido goiano de Itumbiara, João Lino de Oliveira, começam a receber a freguesia. João Lino faz entrega domiciliar em motocicleta, levando os produtos numa caixa de isopor.
Gustavo da Silva Morais, 9 anos, aluno da 4ª série, foi o primeiro freguês a chegar nesta segunda-feira (7) à frente da padaria, por volta de 7h15. Levou um saco de pães para casa, onde divide o café da manhã com os pais e cinco irmãos. O segundo, Pedro Alfeu Ferreira Neto, 6, chegou cinco minutos depois, comprando pães para quatro pessoas de sua casa.
O pão doce custa R$ 1,00 a unidade, o pão de sal R$ 3,00, o pedaço; o pão de macaxeira custa R$ 8,00 o quilo. O biscoito de tucumã custa R$ 3,00 reais o pacotinho.
Apoiados pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri) e por gerentes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater), eles instalaram forno, cilindro, modeladora, mesa e masseira.
O casal chegou ao sítio há oito anos e tem dois filhos, um dos quais já se mudou dali. A Emater e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) proporcionaram-lhes recentemente cursos para o melhor aproveitamento do abacate e da banana.
Do babaçu eles extraem a farinha e o óleo, que serve para frituras e para cosmético. O sítio também tem limão e laranja.
SEM FOLGA
O crescimento desse negócio do ramo agroextrativista faz parte do rol de sucessos da agricultura familiar rondoniense. “Aqui tinha uma casinha de palha. O Maciel [Maciel Fidélix Roza, gerente da Emater-Candeias] veio aqui e foi incentivando a gente, e agora a gente nem tira folga, senão a coisa para”, comenta Maria Augusta.
Segundo ela, quando por algum motivo João Lino fica impossibilitado de fazer a entrega, a reclamação é imediata.
“Só a chuva atrapalha, mas no mais damos conta de atender esses sítios todos”, comenta Maria Augusta. Nas margens da estrada de acesso ao sítio, identificam-se seus moradores e empreendedores: Balneário do Batista, Laticínios Mauá, Baixinho da Sucata, Chácara Ilha Encantada, entre outros.
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Daiane Mendonça
Secom – Governo de Rondônia